PLANO DE AULA UM
A importância do descarte apropriado no combate a mosquitos vetores de doenças
O acúmulo e gestão inadequada de resíduos sólidos, materiais provenientes de atividades humanas, muitos dos quais poderiam ser reciclados ou reutilizados, é um problema comum nas cidades, que pode ser observado no entorno das nossas casas, bairros, espaços de lazer, entre outros. Esses objetos descartados acumulam água e são possíveis criadouros de mosquitos. Assim, representam um problema de saúde pública por atrair mosquitos vetores de doenças, que depositam seus ovos próximos à superfície da água que fica armazenada nos objetos. As larvas aquáticas originam insetos adultos, que podem transmitir diversas doenças, como a dengue, a chikungunya, a febre amarela urbana, Zika, entre outras.
Nesse plano de aula, propomos uma metodologia que apoia o desenvolvimento de pesquisa sobre a incidência de criadouros de mosquitos em espaços utilizados pelas crianças, como suas casas, os pátios das escolas, ou o entorno das mesmas. A partir de uma atividade realizada em grupos e na própria escola, as crianças poderão coletar e identificar distintos tipos de resíduos sólidos produzidos que podem representar potenciais criadouros de mosquitos, além de analisar criadouros já existentes usando o aplicativo Globe Observer Mosquito Habitat Mapper.
Objetivos:
1) Promover, através da utilização do “ciclo de indagações”, o desenvolvimento de pesquisa relacionada ao descarte de resíduos;
2) Fomentar a compreensão de problemas atuais da sociedade através da problematização, e realização de pesquisa em Ciências;
3) Promover o conhecimento da relação entre descarte de resíduos e incidência de doenças transmitidas por mosquitos e causadas por microrganismos;
4) Apoiar o desenvolvimento de iniciativas individuais e coletivas para a solução de problemas ambientais da cidade ou da comunidade.
5) Elaborar ações de ‘agir localmente pensando globalmente’, implementando junto à comunidade escolar medidas de prevenção a doenças transmitidas por mosquitos.
6) Esclarecer à comunidade escolar a importância de apoiar e participar de atividades de Ciência Cidadã para o desenvolvimento de uma comunidade viva e em constante vigilância no combate de doenças e conservação do meio ambiente.
Anos a serem trabalhados (Ensino Fundamental II): 6°- 9° ano
Habilidades da BNCC trabalhadas
Habilidades da BNCC
(EF06CI04) Avaliação de impactos socioambientais do descarte de resíduos
EF07CI08) Avaliação da incidências de criadouros sobre a ocorrência de mosquitos vetores
(EF07CI09) Entendimento sobre a incidência de doenças de veiculação hídrica.
(EF07CI11) Utilização da tecnologia digital para avaliar indicadores ambientais e de qualidade de vida.
(EF08CI16) Discutir iniciativas que contribuam para restabelecer o equilíbrio ambiental.
Ano
6
7
8
9
(EF09CI13) Proposição de iniciativas individuais e coletivas para a solução de problemas ambientais da cidade ou da comunidade.
Tempo sugerido: 1 hora e 20 minutos, ou 2 aulas (de preferência sequenciais).
Materiais necessários
Os materiais a seguir são pensados para a realização de atividades em grupos de 03-04 estudantes. Assim, cada grupo precisará de:
-
01 Lápis grafite;
-
Lápis de cor nas cores vermelho, azul, amarelo, verde e marrom;
-
01 Prancheta;
-
01 Saco de lixo;
-
Tabela do lixo (disponível para impressão no final desse plano de aula);
-
Dispositivo celular com o aplicativo GLOBE Observer instalado (não é necessário que todos os grupos tenham um celular, como poderão entender mais adiante no item Orientações);
-
01 Apito (apenas para a pessoa que estiver coordenando a atividade).
Materiais de consulta
Orientações
Para a realização desta atividade é ideal que exista uma discussão prévia acerca do tema “combate às doenças transmitidas por mosquitos” e da importância do descarte correto para evitar doenças.
Para esse propósito a leitura do histórico, das partes 2 e 4 da " Missão Mosquito do GLOBE guia das doenças dos mosquitos” é de extrema importância, além da leitura do material guia de identificação de mosquitos” - GLOBE Observer.
Também é importante que o professor leia o “Protocolo do mosquito da Hidrosfera” do GLOBE, mais precisamente as páginas 7, 8 e 12 (contextualização); 25 a 27 (segurança e escolha de locais); 30 a 32 (procedimentos) e 45 a 52 (como utilizar o aplicativo), para entender o funcionamento e a importância da utilização do aplicativo. O professor deve explicar aos alunos como funciona o registro de observações sobre habitats de mosquitos no aplicativo Globe Observer, protocolo Mosquito Habitat Mapper, assim como o porquê é importante a coleta dessas informações.
Durante a atividade, quando for registrar as observações pelo aplicativo GLOBE Observer Mosquito Habitat Mapper, o ideal é que cada grupo de alunos tenha um celular com acesso à internet para poder fotografar o local de coleta e enviar os dados para o aplicativo online. Porém, sabemos que isso não é possível na maioria das escolas. Sendo assim, o registro pode ser feito em um celular que tenha o aplicativo instalado, mesmo em modo offline, e os dados podem ser armazenados e enviados quando o celular estiver com acesso à internet. O próprio celular do professor, ou de algum aluno que possa disponibilizar, pode ser utilizado nessa tarefa. Apenas o grupo deve previamente acordar em como será a utilização do(s) aparelho(s) para não ocasionar conflitos.
Essa atividade é baseada na execução completa de um Ciclo de Indagações sobre o descarte de resíduos sólidos na escola. O Ciclo de Indagações permite trabalhar o método científico com as crianças de uma forma lógica e divertida. Para a execução da pesquisa na escola utilizando a metodologia do Ciclo de Indagações, o professor ou professora pode separar os alunos em grupos de 3-4 alunos idealmente. Em cada grupo, os alunos podem ter funções, por exemplo, uma pessoa anota os dados, outra coleta resíduos, outra investiga os locais, outra pessoa tira fotos. Essas funções podem ser trocadas ao longo da atividade.
Nesse Ciclo de Indagações, é o professor ou a professora que fornecerá as perguntas iniciais. É importante que os alunos já estejam divididos em grupos nesse momento, ou que saibam que a atividade será realizada em grupos menores. Exemplos de perguntas que podem ser utilizadas para estimular o interesse dos estudantes sobre o descarte de resíduos e a importância para a proliferação de mosquitos são:
“Em qual espaço da escola vocês acham que encontrarão mais resíduos sólidos? Por que?”
“Onde haverá mais criadouros de mosquitos (recipientes que contenham água no momento da atividade)? Por que?”
“Qual será o método mais adequado para poder comparar a quantidade de lixo ou criadouros existentes em cada local?
“Como vocês propõem coletar esses dados e que dados devem ser coletados?”
A partir desse debate inicial com os alunos, alguns pontos devem ter ficado definidos: 1) onde serão realizadas as coletas (ex: pátio, horta e sala de aula); 2) como serão realizadas as coletas; 3) que dados devem ser coletados. Caso esses pontos não possam ser esclarecidos durante a discussão, o professor pode definir a metodologia.
Antes de saírem para a coleta, cada grupo de estudantes deve receber o material para anotação, saco de lixo para coleta, e “testar” o aplicativo Globe Observer em sala de aula. Aconselha-se que os estudantes visitem os mesmos espaços em grupos, ou se dividam em distintos grupos e espaços conforme a possibilidade da escola.
Em cada espaço de coleta, os estudantes devem:
1) anotar na “Tabela do Lixo” a seguir o que foi coletado em cada espaço, dividido por tipo de lixo;
2) coletar o resíduos e descartar em um saco de lixo;
3) identificar possíveis focos de proliferação de mosquitos, ou seja, recipientes descartados que contenham água parada;
4) registrar essas observações utilizando o aplicativo Globe Observer, protocolo Mosquito Habitat Mapper.
Faça acordos prévios com os estudantes sobre o tempo que será utilizado em cada espaço e a duração da atividade. Pode fazer uso do apito para indicar quando as atividades devem ser finalizadas. A seguir está um exemplo de como preencher a “tabela do lixo”.
Tabela XX: Exemplo de preenchimento de uma “Tabela do Lixo”, que está disponível para impressão na última página deste plano de aula. Os quadrados coloridos podem ser pintados pelos estudantes antes da atividade, com as cores dos resíduos recicláveis ou orgânicos encontrados: vermelho para plástico, azul para papel, amarelo para metal, verde para vidro, e marrom para orgânico. Cada risco representa uma observação.
Após a atividade, o professor ou professora deve reunir os estudantes em sala de aula ou outro espaço para discutir os resultados da coleta. Aqui os estudantes poderão identificar se o que encontraram na coleta condiz com o que esperavam (premissas). Algumas perguntas utilizadas anteriormente podem apoiar a discussão:
“Em qual espaço da escola vocês acham que encontrarão mais resíduos sólidos? Por que?”
“Onde haverá mais criadouros de mosquitos (recipientes que contenham água no momento da atividade)? Por que?”
Ainda, o professor pode introduzir outras para estimular a visão crítica dos estudantes sobre a atividade:
“A metodologia que utilizaram foi suficiente para responder às perguntas de pesquisa? O que modificaria e por que?”
“Como podemos analisar os resultados para a turma toda?”
Essas perguntas devem servir para estimular os alunos a pensar nas fases de Ação e Reflexão do Ciclo de Indagações. Em Ação, visualizam os resultados em tabelas ou gráficos, e em Reflexão, pensam em novas perguntas, novos locais e metodologias que podem ser explorados, e novos ciclos de pesquisa ou indagações.
A apresentação dos resultados pode ser feita como tabela, unificando os dados de todos os estudantes, como no exemplo a seguir:
Ou em forma de gráfico, como no histograma a seguir:
Figura 2. Lixo seco coletado por tipo de material e ocorrência de criadouros em três locais da escola.
Depois disso, o professor pode conversar com os alunos sobre os tipos de resíduos que foram encontrados mais frequentemente, onde foram encontrados criadouros, e trabalhar com os estudantes em campanhas ou medidas que possam auxiliar a diminuir a ocorrência de criadouros de mosquitos na escola.
Os resultados podem ser apresentados em feiras de Ciências da escola, e trabalhados por estudantes de diversos anos do Ensino Fundamental II. Além disso, os estudantes podem construir apresentações para mostrar seus resultados, como pôsteres que podem ser trabalhados na aula de Ciências, e/ou na aula de Português. O professor ou professora de Matemática também pode auxiliar os alunos a visualizar os resultados da atividade e pensar em formas de apresentá-los.
Outros locais além da escola também podem ser trabalhados. A mesma atividade pode ser pensada no bairro, na região ao redor da escola, ou para que os estudantes realizem coletas em suas casas.
Passo a Passo
-
Leitura das orientações e repasse das instruções sobre a temática de estudo aos estudantes;
-
Repasse das instruções sobre a atividade, seu funcionamento, de acordo com as perguntas norteadoras iniciais propostas nas orientações;
-
Divisão da turma para realização da atividade, em grupos de 3 a 4 pessoas, e divisão de tarefas entre os membros de cada grupo;
-
Distribuição dos materiais por grupo e repasse de instruções sobre os tempo disponível para a atividade;
-
Antes de efetuar a saída, é preciso efetuar o teste do aplicativo GLOBE Observer com os alunos, utilizando a ferramenta Mosquito Habitat Mapper e explicar como será a utilização dele durante a atividade, no caso de que não exista um celular com o aplicativo instalado por grupo;
-
Início da atividade: preparativos feitos, e tempo de permanência por área de coleta estabelecido, soe um apito para indicar o começo da atividade;
-
Depois de realizada a coleta e efetuados os devidos registros, soe o apito sinalizando o término da atividade;
-
Realizar a contagem dos materiais coletados por grupo, e indicar a equipe vencedora (ganhará aquela que tiver coletado mais);
-
Analisar e discutir os resultados da coleta de dados em sala de aula ou outro local tranquilo;
-
A atividade pode ser finalizada no item 9, mas também pode incluir atividades posteriores, como apresentação dos resultados em um pequeno evento com uma feira de ciências, formulação de novas perguntas de pesquisa, realização da atividade em outros locais, entre outros.
Referências:
Burck, E. (2019). Beyond the Bite: GLOBE Mission Mosquito Disease Guide. Disponível em: <https://strategies.org/products/beyond-the-bite>. Acesso em: 25 de jul. de 2021.
BOGER, Rebecca; LOW Russanne. Hydrosphere: Mosquito Protocol. The Globe Program, 2018. Disponível em: <https://www.globe.gov/>. Acesso em: 26 de jul. de 2021.
Arango N., M. E. Chaves y P. Feinsinger (2009). Principios y Práctica de la Enseñanza de Ecología en el Patio de la Escuela. Instituto de Ecología y Biodiversidad - Fundación Senda Darwin, Santiago, Chile. 136 p. Disponível em: <http://www.difuciencia.cl/wp-content/uploads/2020/08/Ensenanza_de_la_ecologia_en_la_escuela.pdf>. Acesso em: 26 de jul de 2021.
BIBLIOTECA de recursos de hábitat de mosquitos. Globe Observer, s.d. Disponível em: <https://observer.globe.gov/do-globe-observer/mosquito-habitats/resource-library>. Acesso em: 25 de jul de 2021.