top of page
Aula de química

O que é ciência cidadã?

Projetos fundamentados em Ciência Cidadã se baseiam na cooperação entre cientistas e não cientistas para a produção de conhecimento científico. Essa cooperação pode se dar em distintas fases do projeto, desde a elaboração do mesmo e definição do tema de estudo, até a análise dos resultados e divulgação.

ciencia-300x250.jpg

A ciência cidadã é aplicável em diferentes campos científicos, graças ao seu potencial na geração de dados e na realização de análises em diferentes escalas. É importante destacar também seu caráter socioeducativo, uma vez que incentiva a participação da população nas produções científicas.

O interesse pela ciência tem crescido ultimamente. Esse aumento se deve principalmente ao fato de que novas tecnologias de informação e comunicação estão sendo desenvolvidas como aplicativos para celular, paginas web, georeferenciamento, etc. Tais ferramentas permitem a realização de projetos com a troca de dados científicos entre cientistas e não cientistas de todo o mundo.

Esses projetos colaborativos favorecem a democracia científica, pois influenciam a forma como as pessoas veem as diferentes situações do mundo, promovendo a educação e o letramento científico. A participação de não cientistas em uma pesquisa também influencia a estruturação de projetos e a definição de prioridades de pesquisa.

images.webp

Porém, ainda existem controvérsias em relação a ciência cidadã, principalmente por seus métodos e pela qualidade de seus produtos. Diante disso, diversos projetos incorporaram validação de dados, o que contribui para uma maior credibilidade. Assim, muitos dos resultados obtidos por meio de projetos de ciência cidadã têm sido divulgados na literatura científica e utilizados como indicadores para tomar medidas contra diferentes problemas nacionais.

gz-screenshot.webp

Um exemplo de utilização da ciência cidadã é o projeto Galaxy Zoo. Este projeto dá a qualquer pessoa com acesso a um computador, a oportunidade de participar na descrição de objetos astronômicos ainda não classificados, auxiliando os astrônomos em suas pesquisas sobre a evolução do Universo. Soares (2011) menciona que os dados gerados pelas colaborações dos usuários foram surpreendentes, uma vez que muitas descobertas surgiram a partir de avaliações feitas por voluntários.

Outro projeto é o "Smart Citizen", que foi desenvolvido em Barcelona. Este projeto atua como uma plataforma de participação do cidadão no controle da qualidade do ar de uma cidade, permitindo o compartilhamento dos dados coletados. Além de fornecer ferramentas acessíveis a população, utiliza um kit de captura de dados sobre as concentrações de monóxido de carbono e outros poluentes para serem colocados em varandas, terraços e janelas.

iaac-smart-citizen-kit.webp
Wikiaves.webp

Outras iniciativas de ciência cidadã são o eBird e o Wikiaves (projeto brasileiro). Estes projetos revolucionaram a forma como as informações sobre pássaros são relatadas e acessadas. Ambos os projetos fornecem dados com informações sobre a abundância de aves e sua distribuição.

O "Disco Secchi", por sua vez, é um projeto que com a participação de marinheiros e pescadores, que monitora a biomassa fitoplanctônica para estudar sua possível redução. Este estudo é realizado através da verificação da turbidez da água por meio de um disco de Secchi, um instrumento para a transparência de corpos d'água. Os dados obtidos são enviados via aplicativo móvel para um banco de dados do projeto.

No Brasil, a campanha internacional "Abelha ou não?", nascida da preocupação com o desaparecimento das abelhas, mapeia de forma colaborativa a ocorrência desses insetos. O projeto quer alertar sobre a importância das abelhas para o ecossistema e principalmente sobre seu papel na polinização de várias plantas, e auxiliam na produção de informações e permitem pressionar os órgãos responsáveis por uma maior regulamentação do uso de agrotóxicos.

bee1.webp
Programa-GLOBE-1.webp

Também dentro das iniciativas baseadas em plataformas virtuais para coleta de dados, está o programa GLOBE. Desenvolvido pela NASA, e apoiado no Brasil pela Agência Espacial Brasileira (AEB), busca conectar diferentes pessoas, entre alunos, professores e cientistas de todo o mundo, usando a ciência e a educação como meio, tendo como objetivo aperfeiçoar a compreensão do meio ambiente e do planeta Terra. Este programa vem criando dados significativos que podem ser usados em pesquisas científicas.

É importante lembrar que os protocolos de coletas de dados e demais materiais desenvolvidos por nossa equipe têm a plataforma GLOBE como base. Conheça-o melhor abaixo!

GLOBE (Global Learning and Observations to Benefit the Enviroment) é um programa internacional de ciência e educação desenvolvido pela NASA (National Aeronautics and Space Administration), que atua por meio da ciência cidadã. Através do GLOBE, cientistas e cidadãos de todo o mundo podem interagir e contribuir com a coleta de dados ambientais e colaborar com estudos científicos, além de  compreender o meio ambiente que os cerca, seja localmente em seus bairros ou até mesmo em seus países. Além dessas funções, o Programa tem como objetivo promover o ensino, a aprendizagem da ciência, e melhorar a alfabetização e gestão ambiental. O Programa foi lançado em 1995 e até hoje já arrecadou mais de 150 milhões de registros ambientais obtidos em diversos locais do mundo.

Protocolos

Os registros ambientais são individuais e obtidos por meio do uso de protocolos estruturados por cientistas, testados em salas de aula e executados pelos estudantes em todo o mundo. Posteriormente, esses registros são armazenados em um banco de dados da própria plataforma. A padronização dos protocolos garante a qualidade dos dados obtidos para que possam ser utilizados em apoio a pesquisas desenvolvidas tanto por cientistas como pelos próprios alunos e estudantes, que aprendem ciência e aplicam-na em suas realidades, compartilhando o conhecimento aprendido com suas comunidades. O Programa possui um aplicativo online, o Globe Observer, através do qual podem ser coletados diversos tipos de dados ambientais. No aplicativo já estão disponíveis com instrução em português os protocolos Clouds (Nuvens), Land Cover (Cobertura do Solo), Trees (Árvores), e Mosquito Habitat Mapper (Mapeamento de hábitats de mosquitos, que usamos nos nossos projetos).

Para contribuir com a ciência e fazer parte desse magnífico projeto é simples, os interessados podem se cadastrar no site aqui ou instalar o aplicativo GLOBE Observer (que pode ser encontrado em qualquer loja mobile como a Apple Store e a Google Play). O GLOBE conta com o apoio da National Science Foundation (NSF), da National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA) e do Departamento de Estado dos E.U.A. No Brasil sua parceira é a AEB (Agência Espacial Brasileira).

pexels-alena-koval-886521.jpg

Você Sabia?

No Paraná temos os projetos "Ecologia e Saúde: ciência cidadã para monitoramento da dengue", "Conhecendo os mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopictus de vários vírus" e "Revista Científica na escola", que visam aprimorar o ensino de ciência através da implementação de soluções inovadoras, utilizando métodos educacionais que contribuam para a aprendizagem em escolas de ensino básico, instituições de ensino superior, espaços de ciência e outras instituições de ciência, tecnologia e inovação. Tudo isso elaborado por um grupo multidisciplinar, através do desenvolvimento de protocolos de pesquisa e coleta de dados em relação ao mosquito Aedes aegypti, que podem ser utilizados por professores e alunos. Os projetos buscam estratégias conjuntas de prevenção de doenças que permitam a identificação precoce de casos para evitar problemas maiores.

Referências Bibliográficas

MOURA, Ricardo Silva. Contribuição da ciência cidadã para a conservação da avifauna tocantinense. 2020. 96f. Dissertação (Mestrado Biodiversidade, Ecologia e Conservação) – Universidade Federal do Tocantins, Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade, Ecologia e Conservação, Porto Nacional, 2020. Disponível em:<http://repositorio.uft.edu.br/bitstream/11612/2015/1/Ricardo%20Silva%20Moura%20-%20Disserta%C3%A7%C3%A3o.pdf>. Acesso em 05 de jan. de 2021.

 

PALMA, Diego Araújo da. Monitoramento de qualidade da água com o enfoque ciência cidadã: estudo de caso em Brazilândia/DF. 2016. 91 f. il. Monografia (Bacharelado em Engenharia Ambiental) — Universidade de Brasília, Brasília, 2016. Disponível em: <https://bdm.unb.br/handle/10483/16961>. Acesso em 06 de jan. de 2021.

 

ROCHA, Luana M. P. Os cientistas e a ciência cidadã: um estudo exploratório sobre a visão dos pesquisadores profissionais na experiência brasileira. 2019. 76f. Dissertação (Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação) - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia e a Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2019. Disponível em: <http://ridi.ibict.br/handle/123456789/1053>. Acesso em: 03 de jan. de 2021.

 

SOARES, M. D.; SANTOS, R. D. C. Ciência Cidadã. O envolvimento popular em atividades científicas. Revista Ciência Hoje; Vol. 47; p. 38-43. 2011. Disponível em: http://cienciahoje.uol.com.br/revistach/2011/281/pdf_aberto/cienciacidada281.pdf. Acesso em: 06 de jan. de 2021.

bottom of page