Se você acompanha o Ecologia e Saúde, provavelmente já leu a respeito de armadilhas caseiras para captura de mosquitos. No mês de fevereiro, nossa equipe realizou testes montando e instalando duas dessas armadilhas, na tentativa de capturar larvas de Aedes. Uma delas foi instalada no município de Foz do Iguaçu, e a outra, em São Paulo. Em nenhuma das duas foi constatada a presença de larvas de mosquito, o que chamou a nossa atenção. Decidimos então revisar cada etapa do preparo dessas armadilhas, com atenção a todos os detalhes, no intuito de identificar os possíveis problemas. Com a equipe finalmente reunida após a pandemia, juntamos então algumas garrafas e colocamos a mão na massa.
Durante esse processo, identificamos vários erros que poderiam ocasionar o não aparecimento de mosquitos na armadilha, e que possivelmente qualquer um cometeria. Entre eles, a escolha do material e o ato de lixar as garrafas foram alguns dos pontos que notamos exigirem atenção. Tudo isso foi documentado em nossa rede social, então você pode ficar por dentro para não acabar cometendo esses possíveis erros.
Outra etapa que, em nossos experimentos, demandou cautela, foi o preparo do substrato para as armadilhas. Para ajudá-los a entender melhor o que está na água, nós também documentamos essa etapa em nossa rede social. Nossa experiência nessas tentativas de simular um ambiente para a oviposição dos mosquitos nos ensinou que é preciso tomar cuidado com a quantidade de alimento, pois a abundância de matéria orgânica tornaria a água suja e inadequada para o Aedes, apesar de ser o habitat ideal para oviposição de alguns outros gêneros. Um exemplo disso foi o aparecimento de larvas da família Chironomidae em uma das armadilhas que testamos, as quais são capazes de viver em águas com excesso de matéria orgânica e com pouco oxigênio.
Além do substrato talvez não ter sido apropriado, nós também levantamos outras hipóteses para tentar explicar a ausência de Aedes em nossas armadilhas. Uma delas foi a escolha das garrafas, pois optamos pelas transparentes por facilitarem a observação e monitoramento das larvas e mosquitos. Entretanto, os mosquitos do gênero Aedes apresentam um comportamento chamado fototropismo negativo, o que significa que eles têm preferência por locais escuros. Uma alternativa, que ainda não testamos, seria revestir as garrafas transparentes com um material escuro, como um saco de lixo, que fosse facilmente removível. Dessa forma, seria possível simular um ambiente escuro para atrair as fêmeas de Aedes para a oviposição, e ao mesmo tempo realizar a visualização das larvas através do plástico transparente.
Esses resultados nos trouxeram novos questionamentos, então vamos continuar tentando respondê-los a partir de novos experimentos. Se, assim como nós, você também quiser retomar seus experimentos, é muito importante lembrar de desmontar as armadilhas e lavá-las, com o auxílio de uma esponja, e então realizar a troca da água. Dessa forma, impedimos que larvas venham a emergir de ovos que possam ter ficado aderidos durante o teste anterior, o que poderia atrapalhar a interpretação dos resultados ou até mesmo liberar mosquitos no ambiente.
Por Nathalia Brunetto
REFERÊNCIAS
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