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“Presente de Grego”: uma dinâmica para combate do mosquito da dengue e demais arboviroses

Atualizado: 7 de mai. de 2022



Segundo uma antiga história da mitologia grega, um grande cavalo de madeira foi deixado pelos gregos próximos ao muro da cidade troiana durante a Guerra de Troia. Os troianos aceitaram o objeto como um presente para representar a suposta rendição dos gregos à guerra e assim o levaram para dentro de seus muros. Quando os troianos já estavam embriagados pela comemoração, vários soldados gregos saíram do suposto presente e abriram os portões para que o exército invadisse e dominasse Troia. Por esse evento narrado nos poemas de Homero, hoje conhecemos como “presente de grego” um presente que, na realidade, pode prejudicar quem o recebeu. Para auxiliar na compreensão das crianças sobre o Aedes aegypti, seu ciclo de vida e como água parada pode ser um verdadeiro Cavalo de Troia, o professor Cristian Rojas e os extensionistas do projeto “Conhecendo Aedes aegypti e Aedes albopictus, os mosquitos dos vários vírus” elaboraram uma dinâmica, descrita no artigo “‘Presente de grego’: uma dinâmica para combate do Aedes aegypti, o mosquito dos vários vírus”, controlada e segura, em que a criança tem contato com a descoberta pelo debate com os colegas sobre as transformações observadas, acompanhando o ciclo de vida do mosquito e verificando que em água parada, aparentemente inerte, rapidamente pode-se ter uma nova geração de mosquitos.

A dinâmica foi pensada principalmente para alunos dos Anos Iniciais (1º - 5º ano) do ensino fundamental e usa poucos materiais para sua realização, sendo todos eles de fácil obtenção e manuseio. A parte mais importante para aplicá-la na educação é compreender bem o passo a passo que será descrito. O “presente de grego” a ser dado para as crianças na dinâmica é uma garrafa PET com um pouco de água, cheia de ovos de Aedes aegypti e com a tampa perfeitamente vedada para evitar o escape de mosquitos ao fim do ciclo de vida. A ideia é que os ovos eclodam, se desenvolvam e que as larvas sejam percebidas pelas crianças, que passam a acompanhar o ciclo de vida do mosquito através de uma dinâmica que instiga sua curiosidade e que ajuda a marcar bem o aprendizado sobre o “mosquito da dengue”.


O primeiro passo para a criação do presente de grego é coletar os ovos do Aedes aegypti. Para isso, pode-se solicitar ovos fornecidos pelo Centro de Controle em Zoonoses (CCZ) de sua cidade ou construir uma armadilha conhecida como ovitrampa. É possível encontrar mais detalhes sobre a ovitrampa no artigo original, disponível em um link ao fim do texto. No caso de uso da ovitrampa, é importante lembrar que se deve evitar a exposição por mais que 3 (três) dias da armadilha, sob risco de eclosão dos ovos! Após a coleta, a água deve ser descartada e a armadilha removida do ambiente para evitar que se torne um possível criadouro.


Uma vez coletados os ovos, o presente de grego usado na dinâmica será construído a partir de uma garrafa PET conforme as instruções do artigo.

O artigo cita, ainda, dicas para aumentar o potencial lúdico e didático da dinâmica, dentre elas indica que a garrafa seja colorida e enfeitada de modo que se relacione com a dinâmica como um todo, além da elaboração de duas cartas que auxiliam em explicar para os estudantes a dinâmica e o ciclo de vida do mosquito e a aumentar sua curiosidade, construindo expectativas. Não deixem de conferir o artigo completo para essas dicas ao fim do texto.


Dinâmica do presente


Na dinâmica original, após a confecção dos presentes, os mesmos são entregues à turma, normalmente alunos de uma única turma do 4° ou 5° ano do ensino fundamental, junto com uma das cartas acima citadas. Uma semana depois, é explicado o significado do “presente de grego” e, logo após isso, a segunda carta é lida pela pessoa responsável pela turma. Nesse momento, os ovos do mosquito Aedes aegypti já eclodiram e liberaram as larvas. A turma escolhida, então, gera um efeito em cadeia, sendo motivada a construir e distribuir novos presentes de grego, replicando os processos para outras turmas até que todas as crianças do público-alvo participem.


 
NOTA 
Antes de aplicar esta dinâmica leia o artigo original e busque mais informações sobre os critérios éticos para o uso de imagem e voz das crianças.

Observações sobre a dinâmica


Como observado pela Professora Doutora Elaine Soares, uma das autoras do artigo, durante uma entrevista especial realizada para a elaboração desse texto, a dinâmica é especialmente efetiva por se apoiar no ensino lúdico, um ensino envolvendo diversão, e na curiosidade e espontaneidade infantil. Sendo assim, as crianças naturalmente seguem o fluxo do projeto e disseminam as informações sobre o Aedes aegypti. Mais do que apenas aceitar que a água parada é um problema, a dinâmica propõe ensinar a relação entre a água e o ciclo de vida do mosquito para que as crianças, que se tornarão cidadãos conscientes, possam entender porque a água parada é um problema. Nesse contexto, o trabalho realizado pela equipe destaca a importância das metodologias lúdicas de ensino na construção do aprendizado infantil e torna a dinâmica do “presente de grego” uma ferramenta de grande relevância para a abordagem dos assuntos referentes ao mosquito Aedes aegypti e as doenças que ele transmite, além de educação ambiental, educação sanitária e saúde pública.

 

Por Samuel dos Santos e Micael Baruch


Referências


Torres, Sara; Cardoso-Prada, Yury L., Rios, Jean A., Soares, Elaine D.G.; Rojas, Cristian A.; Gamarra, Carmen J.;2021. “PRESENTE DE GREGO”: UMA DINÂMICA PARA COMBATE DO AEDES AEGYPTI, O MOSQUITO DOS VÁRIOS VÍRUS. Revista Conexão UEPG 17(1): publicação contínua. https://doi.org/10.5212/Rev.Conexao.v.17.16936.015.


O artigo foi elaborado por membros do projeto “Conhecendo Aedes aegypti e Aedes albopictus, os mosquitos dos vários vírus, https://www.ecologiaesaude.com/âncoras , que conta desde 2013 com uma equipe multidisciplinar que envolve discentes e docentes dos cursos de Biotecnologia, Ciências Biológicas e Saúde Coletiva da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA), em parceria com o Centro de Controle em Zoonoses (CCZ) do município de Foz do Iguaçu-PR.

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