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Entenda a febre amarela e sua relação com os macacos

Atualizado: 14 de abr. de 2022



A febre amarela é uma doença endêmica no Brasil, que tem como principais vetores os mosquitos dos gêneros Aedes, Haemagogus e Sabethes. É uma doença viral não-contagiosa, que, com alguma frequência, causa alertas à saúde pública. Apresenta-se em duas formas: a forma silvestre e a urbana.

A primeira epidemia da doença relatada no Brasil ocorreu no ano de 1685 em Recife e Olinda (capital da Capitania de Pernambuco, na época). Acredita-se que o vírus teria sido trazido de São Tomé, no continente africano. Pesquisas atuais que utilizam ferramentas moleculares comprovam que a origem do vírus nas Américas remonta àquele continente.


Ciclos de transmissão


A febre amarela possui dois tipos de transmissão distintos. O primeiro é o chamado ciclo urbano simples do tipo homem-mosquito, cujo vetor é o Aedes aegypti. O segundo, por sua vez, é chamado ciclo silvestre complexo, sendo transmitido pelos mosquitos Aedes no continente africano e, na América, pelos mosquitos do gênero Haemagogus e Sabethes.

No ciclo urbano, a transmissão da doença ocorre através da picada (em uma pessoa) da fêmea do mosquito Aedes infectada com o vírus da febre amarela. Nesse ciclo, o homem funciona como um amplificador da doença, uma vez que, na fase de viremia, é capaz de disseminar o vírus a outros mosquitos, perpetuando assim o ciclo da doença.


No ciclo silvestre, por sua vez, destacam-se os mosquitos do gênero Haemagogus como os principais transmissores da doença aos macacos. Assim como os humanos, no ciclo da febre amarela, os primatas apresentam-se como meros amplificadores da doença, já que, após a infectados, tornam-se imunes por toda a vida. Os mosquitos, por sua vez, uma vez em contato com o vírus da febre amarela, tornam-se reservatórios naturais da doença, já que permanecem contaminados por toda a vida.


Sintomas e tratamento


As manifestações clínicas podem variar de assintomáticas, que representa de 40% a 65% dos casos de infecção, até a infecção viral aguda, que representa cerca de 5% a 10% dos casos.

As principais manifestações são febre, dor de cabeça, dores no corpo, fraqueza, náuseas e vômitos. Os quadros mais graves apresentam também pele com aspecto amarelado, vômitos com sangue e redução na frequência urinária.

Não há medicamento específico para tratar a doença. Dessa maneira, a conduta médica deve ser voltada à administração dos sintomas. O diagnóstico é facilitado uma vez que surtos epidêmicos são identificados.


Vacina


A vacinação contra a doença é a maneira mais eficaz de preveni-la. Trata-se de uma vacina com vírus atenuado muito segura, que apresenta elevada eficácia. Estudos mostraram que indivíduos vacinados apresentam anticorpos neutralizantes mesmo 10 anos após a imunização.

Em 2017, a Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou uma diretriz afirmando que, com esses novos estudos, seria seguro apenas uma dose da vacina antiamarílica ao longo da vida. Contudo, estudos recentes indicaram uma diminuição na resposta imunológica em crianças vacinadas até os 9 meses de idade, o que fez com que o Ministério da Saúde incluísse uma dose de reforço para crianças aos 4 anos de idade.


Macacos e a febre amarela


Não é incomum nos depararmos com notícias que relatem a morte de macacos por parte da população em regiões em que a febre amarela é epidêmica. Apesar disso, como explanado anteriormente, os macacos não são os responsáveis por transmitirem a doença, muito pelo contrário: assim como os seres humanos, os primatas são vítimas da doença.


Imagem 2 - Divulgação de campanha contra a morte de macacos pela população.

Fonte: Ministério do Meio Ambiente, 2018.


Além disso, a detecção da morte de primatas em regiões endêmicas de febre amarela serve como um sinal de alerta às autoridades locais acerca da irrupção da doença, já que esses animais são acometidos tal como os humanos. Assim, uma vez notificada, essa morte será analisada pelas autoridades locais que poderão se organizar estrategicamente a fim de evitar que uma nova epidemia de se instaure na região.


 

Por Letícia Bottino


Referências


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Em 2020, Ministério da Saúde amplia público para vacinas contra febre amarela e gripe. Biblioteca Virtual em Saúde, Ministério da Saúde, 12/12/2019. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/ultimas-noticias/3089-em-2020-ministerio-da-saude-amplia-publico-para-vacinas-contra-febre-amarela-e-gripe>. Acesso em: 27 de janeiro de 2021.


Não matem os macacos! Fundação Oswaldo Cruz, FIOCRUZ, 15/03/2017. Disponível em: <https://www.bio.fiocruz.br/index.php/br/nao-matem-os-macacos-eles-sao-aliados-da-saude-no-combate-a-febre-amarela.>. Acesso em: 06 de fevereiro de 2021.


PETRAGLIA, Tânia Cristina de Mattos Barros et al. Falhas vacinais: avaliando vacinas febre amarela, sarampo, varicela e caxumba. Cadernos de Saúde Pública, v. 36, p. e00008520, 2020.


VASCONCELOS, Pedro Fernando da Costa. Febre amarela. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v. 36, n. 2, p. 275-293, 2003.


VAZ, Carolina Fernandes et al. O papel do enfermeiro frente à vacinação da febre amarela: um relato de experiência. Salão de Graduação (4.: 2009 mai. 27-29: UFRGS, Porto Alegre, RS). Salão de Educação a Distância (5.: 2009 mai. 27-29: UFRGS, Porto Alegre, RS). Anais. Porto Alegre: UFRGS/PROGRAD, 2009., 2009.

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