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Histórico do Aedes aegypti no Brasil e doenças associadas

Atualizado: 14 de abr. de 2022

No dia 05 de outubro de 2020 teve início o "Webinar: conhecendo os mosquitos Aedes, os transmissores da dengue e de outras doenças", uma atividade do projeto de extensão "Conhecendo Aedes aegypti e Aedes albopictus, os mosquitos dos VÁRIOS vírus" (PJ041-2020) da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA).

A primeira palestra, intitulada "Histórico do Aedes aegypti no Brasil e doenças associadas", foi ministrada pela professora doutora Elaine Della Giustina Soares, que descreveu a história dos mosquitos do gênero Aedes no Brasil, desde sua chegada até os dias atuais, associada à epidemiologia das doenças por eles transmitidas.


A chegada dos mosquitos


A chegada do Aedes aegypti no Brasil remonta ao período do Brasil Colônia. A ascensão do mercantilismo como modelo econômico vigente na época viabilizou o comércio de pessoas escravizadas provenientes do continente africano. Foi, portanto, no século XVII, através dessas embarcações que transportavam escravos entre o Brasil e o continente africano, que o mosquito chegou no país.

O Aedes albopictus, por sua vez, possui origem asiática e sua primeira identificação no país foi no Rio de Janeiro, em 1986. Entretanto, esse mosquito tem preferência por viver em matas nativas, pouco adentrando o meio urbano. Dessa maneira, no que se refere às doenças transmitidas pelos mosquitos do gênero Aedes no Brasil, essa espécie possui menor relevância.


Aedes aegypti, um vetor de doenças


Foi somente no ano de 1881 que o médico cubano Carlos Finlay propôs que mosquitos fossem vetores da febre amarela, apontando, posteriormente, o Aedes aegypti como vetor. Essa teoria foi comprovada pelo médico norte-americano Walter Reed em 1901, permitindo que estratégias de combate ao mosquito fossem traçadas. Esse fato permitiu que, em 1914, o Canal do Panamá fosse finalizado, uma vez que a febre amarela era um grande empecilho para tal.

Essa descoberta foi fundamental para as medidas profiláticas que visavam, à época, o combate à febre amarela. A estratégia utilizada para barrar essa doença baseou-se em medidas de combate ao vetor. Com isso, o Brasil foi declarado oficialmente livre do mosquito Aedes aegypti na XV Conferência Sanitária Pan-Americana, realizada em Porto Rico no ano de 1958.

Dengue: raízes antigas, problema atual


A dengue apresenta registros esporádicos no Brasil desde meados do século XIX. Todavia, foi somente na década de 1980 que houve o primeiro surto de dengue no país, com uma explosão do número de casos e mortes na década de 1990.

Essa doença está associada a apenas um vírus. Apesar disso, a dengue possui quatro sorotipos distintos e é por isso que uma pessoa pode contrair a doença mais de uma vez ao longo da vida. Sorotipo é o nome dado a diferentes linhagens de um causador de doenças, que se distinguem por induzirem diferentes respostas imunológicas no organismo da pessoa infectada. A boa notícia é que, uma vez curado, o indivíduo torna-se imune ao sorotipo com o qual foi infectado para o resto da vida.


Zika e Chikungunya


A zika foi registrada no Brasil primeiramente nos anos de 2014 e 2015, com focos concentrados na região nordeste do Brasil. A dispersão da doença ocorreu de maneira rápida, tanto que, em 2016 já era possível identificar casos nas cinco regiões do país. Em 2020, dados do último Boletim Epidemiológico (2019/2020) divulgados pelo Ministério da Saúde mostram que a doença tem se concentrado nas regiões Norte, Nordeste e Sul do país.

O primeiro caso autóctone, ou seja, de transmissão local de Chikungunya foi detectado no Brasil ao final do ano de 2014, na região Nordeste do país. No último Boletim Epidemiológico já foram identificados quase 50 mil casos da doença em território nacional, com as maiores taxas de incidência da doença nas regiões Nordeste e Sudeste.


Quer saber mais?


Para mais detalhes acerca do "Histórico do Aedes aegypti no Brasil e doenças associadas" assista ao vídeo abaixo e conheça a trajetória do Aedes em território nacional.



 

Por Letícia Bottino


Referências


Dicionário de Epidemiologia, Saúde Pública e Zoonoses. E-disciplinas USP. Disponível em: <https://edisciplinas.usp.br/mod/glossary/showentry.php?eid=11627>. Acesso em: 23 de out. de 2020.


Gomes AC, Bittencourt MD, Natal D, Barata, JMS, Pinto PLS, Mucci LF, Paula MB, Ubinati PR. Aedes albopictus em área rural do Brasil e implicações na transmissão de febre amarela silvestre. Revista de Saúde Pública (no prelo).


MAGALHÃES, RCS. 2016. A erradicação do Aedes aegypti: febre amarela, Fred Sopere saúde pública nas Américas (1918-1968). Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 2016. História e Saúdecollection, pp. 45-85. ISBN: 978-85-7541-479-8.


MENEZES, Maíra. Mosquitos Aedes aegypti e albopictus são diferentes na competência para transmitir zika. IOC/Fiocruz. Rio de Janeiro, 7 de mar. de 2016. Disponível em: < https://portal.fiocruz.br/noticia/mosquitos-aedes-aegypti-e-albopictus-sao-diferentes-na-competencia-para-transmitir-zika>. Acesso em: 23 de out. de 2020.


Pollett S, Melendrez MC, Maljkovic Berry I, Duchene S, Salje H, Cummings DAT, et al. Understanding dengue virus evolution to support epidemic surveillance and counter-measure development. Infection, genetics and evolution: journal of molecular epidemiology and evolutionary genetics in infectious diseases. 2018;62:279–95.

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